terça-feira, 18 de outubro de 2011

SINTOMAS

Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes e, frequentemente, incapacitantes. Depois de ter uma crise de pânico a pessoa pode desenvolver medos irracionais (chamados fobias) destas situações e começar a evitá-las.
Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente. Os sintomas são como uma preparação do corpo para alguma "coisa terrível". A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir — em detrimento de outras partes do corpo.
Os sintomas são desencadeados a partir da liberação de adrenalina frente a um estímulo considerado como potencialmente perigoso. A adrenalina provoca alterações fisiológicas que preparam o indivíduo para o enfrentamento desse perigo: aumento da frequência cardíaca e respiratória, a fim de melhor oxigenação muscular; e o aumento da frequência respiratória (hiperventilação) é o principal motivo do surgimento dos sintomas.
Durante a hiperventilação, o organismo excreta uma quantidade acima do normal de gás carbônico. Este, apesar de ser um excreta do organismo, exerce função fundamental no controle do equilíbrio ácido-básico do sangue. Quando ocorre diminuição do gás carbônico ocorre também um aumento no pH sanguíneo (alcalose metabólica) e, consequente a isso, uma maior afinidade da albumina plasmática pelo cálcio circulante, o que irá se traduzir clinicamente por uma hipocalcemia relativa (por redução na fração livre do cálcio). Os sintomas dessa hipocalcemia são sentidos em todo o organismo:
- Sistema Nervoso Central: ocorre vasoconstrição arterial que se traduz em vertigem, escurecimento da visão, sensação de desmaio.
- Sistema Nervoso Periférico: ocorre dificuldade na transmissão dos estímulos pelos nervos sensitivos, ocasionando parestesias (formigamentos) que possuem uma característica própria: são centrípetos, ou seja, da periferia para o centro do corpo. O indivíduo se queixa de formigamento que acomete as pontas dos dedos e se estende para o braço (em luva, nas mãos; em bota, nos pés), adormecimento da região que compreende o nariz e ao redor da boca (característico do quadro).
- Musculatura Esquelética: a hipocalcemia causa aumento da excitabilidade muscular crescente que se traduz inicialmente por tremores de extremidades, seguido de espasmos musculares (contrações de pequenos grupos musculares: tremores nas pálpebras, pescoço, tórax e braços) e chegando até a tetania (contração muscular persistente). Em relação à tetania, é comum a queixa de dificuldade para abertura dos olhos (contratura do músculo orbicular dos olhos), dor torácica alta (contratura da porção superior do esôfago), sensação de aperto na garganta (contração da musculatura da hipofaringe, notadamente do cricofaringeo), de abertura da boca (contratura do masseter e de músculos faciais - sinal de Chvostec), e contratura das mãos (mão de parteiro - sinal de Trousseau). São muito frequentes as cãimbras.
Adicionalmente, a hiperventilação é realizada através de respiração bucal, o que traz duas consequências diretas: o ressecamento da boca (boca seca) e falta de ar (ocasionada pela não estimulação dos nervos sensitivos intranasais).
Tais eventos podem durar de alguns minutos a horas e podem variar em intensidade e sintomas específicos no decorrer da crise (como rapidez dos batimentos cardíacos, experiências psicológicas como medo incontrolável etc.). Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que tem transtorno do pânico. Indivíduos com o transtorno do pânico geralmente têm uma série de episódios de extrema ansiedade, conhecidos como ataques de pânico.
Alguns indivíduos enfrentam esses episódios regularmente, diariamente ou semanalmente. Os sintomas externos de um ataque de pânico geralmente causam experiências sociais negativas (como vergonha, estigma social, ostracismo etc.). Como resultado disso, boa parte dos indivíduos que sofrem de transtorno do pânico também desenvolvem agorafobia.

Síndrome do pânico

O transtorno do pânico ou síndrome do pânico é uma condição mental que faz com que o indivíduo tenha ataques de pânico esporádicos, intensos e muitas vezes recorrentes. Pode ser controlado com medicação e psicoterapia. É importante ressaltar que um ataque de pânico pode não constituir doença (se isolado) ou ser secundário a outro transtorno mental.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PRIMEIRA CRISE


   Dia 16 de agosto de 2011, acho que posso considerar o pior dia da minha vida. Tinha acabado de fazer 31 anos. Estudante de direito, segundo semestre na PUCRS e já trabalhando em um escritório de advocacia.
   Dois meses antes, em consulta com uma médica Endocrinologista, pois em um ano havia engordado 15 kg, de 62 Kg cheguei aos 77 Kg, à médica verificou minha pressão arterial e viu que estava alta 150 X 110. Pediu para que eu verificasse todos os dias, e a partir daí todos os dias a pressão arterial estava elevada. Procurei um Clínico Geral onde ele pediu exames de sangue, deram todos normais. Mas eu não me sentia bem, às vezes sentia dores leves no peito, falta de ar, então retornei no médico e ele disse que eu estava estressada, me encaminhou então para o Psicólogo.  A consulta com ela foi tranqüila, conversei bastante, contei tudo o que estava acontecendo, falei que meu trabalho era estressante, pois trabalhava com metas, e estas estavam impossíveis de cumpri-las, cobravam muito e trabalhava o dia todo sobre pressão. Ela achou que eu já estava com um quadro depressivo e que precisava de tratamento com ela e com o Psiquiatra. Em consulta com a Psiquiatra, ela achou que eu não precisava de medicação, pois deveria descobrir o que estava me incomodando, descobrir a causa do meu estresse, mas pediu para que eu retornasse em um mês.
   No dia 15 de agosto, fui ao retorno da consulta com a Endocrinologista, que verificou minha pressão de novo e estava mais elevada que antes, 116 X 110, contei toda a minha peregrinação pelos médicos e ela solicitou que eu fizesse um exame, chamado MAPA, que iria medir minha pressão arterial por 24 horas. Mas não deu tempo, pois no dia seguinte foi o dia que eu considero se não o pior, uns dos piores de toda a minha vida.
   Dia 16 de agosto terça-feira, comecei o dia logo com uma reunião no trabalho que me deixou muito angustiada, pois estabeleceram uma meta que deveríamos cumprir até o final do mês, o que eu sabia que era impossível. Trabalhei o dia todo desmotivada. Saindo do serviço fui para aula, realizei um trabalho em aula, mas durante aquele tempo passei com dor no peito, era uma dor enjoada, chata, não conseguia me concentrar em nada, apenas naquele mal estar horrível. Naquele dia eu tinha aula até as 21:00 horas, saí da aula me sentindo ruim, achei que estivesse com a pressão alta, fui até a farmácia da Faculdade, mas estavam com o aparelho estragado. Então fui pegar o ônibus para ir para casa, era o primeiro dia que pegava aquele ônibus, pois nos outros dias saía da aula às 22:30 hs.
   Sabia que não estava bem, mas pensei que era só um mal estar e iria passar, o ônibus tinha andado uns 20 minutos, quando senti uma dor muito forte no peito, não conseguia respirar, parecia estar desmaiando e morrendo ao mesmo tempo, jurei estar tendo um enfarte. Chamei um rapaz que estava sentado ao meu lado, para ele avisar o motorista, mas consegui me levantar e ir até a frente do ônibus, o motorista começou a ligar buscando ajuda, e eu liguei para o meu marido e minha mãe, a impressão que eu tinha era que estava morrendo e nunca mais iria vê-los, a imagem dos meus filhos vinham na minha cabeça, me batia um desespero e eu chorava muito, tremia, e a respiração e a dor no peito cada vez pior, parecia que a minha cabeça estava ficando vazia. Foi nesse momento que vi uma viatura da Brigada Militar vindo em nossa direção, o motorista fez sinal para eles e me levou até eles. Eles me levaram para o Hospital Conceição, mas o tempo todo eu tinha a impressão de não conseguir chegar viva até lá. O desespero era horrível, e não conseguia fazer nada para melhorar.
   Os Brigadianos não deram muita atenção para mim, me sentia um lixo naquela hora, pois me largaram na rua em frente ao Hospital, disseram que não podiam me ajudar a entrar, pois a função deles era só de remover até o hospital. Saí daquela viatura com as pernas bambas, pois elas tremiam muito, e a sensação de morte era inevitável. O hospital estava lotado, gente por toda a parte, não tinha lugar nem para me sentar.         Passei pela sala de seleção de risco, minha pressão estava 180 X 120, a enfermeira disse que eu teria prioridade no atendimento, mas a hora prevista de espera era de duas horas, eu me desesperava cada vez mais. Fiquei sozinha lá acredito que uns 30 minutos ou mais, até que meu marido, minha mãe, meu pai, minha irmã chegaram. Parece que fiquei mais nervosa ainda com a chegada deles, na minha cabeça aquilo era uma despedida.  Fizeram um eletrocardiograma e não tinha alteração nenhuma, mas a previsão de atendimento agora era só às quatro horas da madrugada.
   Lembramos que tinha um Centro Clínico ali perto, que era o meu convênio médico, mas o medo de sair dali e entrar no carro e morrer era enorme. Mas resolvi arriscar, chegamos lá e o médico me examinou e me deu medicação suspeitando de uma doença chamada Feocronocitoma, eu não tinha idéia do que seria isso. Fiquei um tempo em observação e ele me liberou, mas eu teria que consultar um cardiologista ainda durante aquela semana.
   Minha irmã Marciele foi dormir lá em casa comigo, pois meu marido trabalha à noite, chegando em casa fui pesquisar na internet o que era essa doença, e quase entrei em estado de choque, pois era um tumor nas glândulas supra-renais, e o tratamento é quimioterapia ou cirurgia, chorei desesperada, aquela noite foi terrível.
   Foi apenas o início de uma luta constante.